A história de Fei-Fei Li, contada em seu livro "Os Mundos que Vejo: Curiosidade, Exploração e Descoberta no Amanhecer da IA", é uma inspiradora jornada de perseverança, paixão e descoberta. Da sua chegada aos Estados Unidos como imigrante até se tornar uma das figuras mais influentes no mundo da inteligência artificial, sua trajetória é marcada por desafios superados e uma incansável busca pelo conhecimento. O evento de apresentação do livro na Universidade de Princeton, com a participação do presidente da universidade, Christopher L. Eisgruber, e da própria Fei-Fei Li, proporcionou um mergulho em sua história e reflexões sobre o futuro da IA.

A experiência de Fei-Fei Li em Princeton foi singular. Dividindo seu tempo entre os estudos e o auxílio aos pais no negócio da família, uma lavanderia em Parsippany, Nova Jersey, ela encontrou na universidade um oásis de intelectualismo. Suas lembranças dos tempos de graduação são vívidas: as aulas desafiadoras de Física 105 e Química Orgânica, o primeiro contato com a programação com o renomado professor Andy Yao, e o privilégio de ter aulas com Eric Wieschaus no dia em que ele recebeu o Prêmio Nobel. Mesmo com a rotina intensa, Fei-Fei Li demonstrava uma curiosidade insaciável, buscando conhecimento em diversas áreas, desde a física e a ciência da computação até literatura inglesa e chinesa contemporânea. A experiência de frequentar os chás no Instituto de Estudos Avançados, um local que ela admirava pela presença de figuras como Einstein, demonstra sua busca constante por se aproximar dos grandes nomes da ciência.
O amor pela pesquisa sempre foi uma força motriz na vida de Fei-Fei Li. A atmosfera intelectual de Princeton, que encorajava a audácia e a busca por perguntas complexas, a inspirou a se dedicar à decifração da inteligência visual. Durante sua graduação, um curso de processamento de imagens despertou seu interesse por essa área, que se tornaria o foco de sua pesquisa. A criação do ImageNet, um banco de dados online revolucionário para o treinamento de computadores em reconhecimento de imagens, surgiu da sua convicção de que a chave para a inteligência visual estava na quantidade e na diversidade de dados. Apesar da resistência inicial da comunidade científica, Fei-Fei Li persistiu em sua ideia, encontrando apoio em alguns colegas e alunos, como Jia Deng, agora professor em Princeton. O ImageNet se provou fundamental para o avanço da IA, impulsionando o desenvolvimento de algoritmos capazes de "ver" o mundo.
Fei-Fei Li vê a IA como a nova era da computação, uma força transformadora que impactará todos os aspectos da vida humana. Sua visão otimista sobre o potencial da IA para o bem, especialmente na área da descoberta científica, é temperada por uma preocupação genuína com os desafios éticos e sociais que a tecnologia apresenta. Ela defende a importância do desenvolvimento de uma IA centrada no ser humano, com governança responsável e normas que garantam seu uso benéfico. A pesquisadora reconhece as ansiedades em relação ao futuro da IA, incluindo o medo de uma "supremacia das máquinas", mas acredita que a humanidade tem a capacidade de controlar e direcionar a tecnologia para o bem comum. A necessidade de estruturas regulatórias, normas da indústria e educação pública são apontadas como medidas essenciais para garantir que a IA seja uma ferramenta a serviço da humanidade. Fei-Fei Li desafia a nova geração, nativa da era da IA, a assumir a responsabilidade de moldar o futuro dessa tecnologia, combinando a paixão pela inovação com a consciência ética e a busca pelo benefício humano.