A Inteligência Artificial (IA) tem revolucionado diversos setores, e a advocacia não é exceção. Longe de ser uma ameaça, a IA se apresenta como uma poderosa aliada para advogados e escritórios, otimizando tarefas, aumentando a produtividade e permitindo que os profissionais se concentrem em atividades estratégicas e criativas. Este artigo explora os benefícios, os desafios e as melhores práticas para integrar a IA na rotina jurídica, com foco na experiência do advogado Bernardo de Azevedo, especialista em Direito e Tecnologia.
A IA oferece um amplo leque de possibilidades para automatizar tarefas rotineiras e repetitivas na advocacia, liberando os advogados para se dedicarem a atividades que exigem maior expertise e interação humana. Como destacado por Bernardo de Azevedo, a IA se aplica especialmente a tarefas como organização de documentos, pesquisa jurisprudencial e elaboração de peças processuais padronizadas. Ferramentas como o "chatADV", desenvolvido pela empresa de Azevedo, demonstram o potencial da IA generativa na prática jurídica. Ao alimentar a ferramenta com detalhes de um processo, é possível antecipar comportamentos das partes em audiências, gerar roteiros de perguntas e elaborar estratégias com maior precisão. No exemplo citado por Azevedo, o chatADV gerou 88 perguntas potenciais para um caso de extravio de bagagem, demonstrando a capacidade da IA de ser exaustiva e rápida na análise de informações. Esse tipo de ferramenta permite que o advogado otimize seu tempo de preparação, antecipando questionamentos e refinando sua argumentação.
Além do chatADV, outras ferramentas de IA têm se destacado na advocacia. Azevedo menciona o "TinAI", um chatbot especializado em Lei Maria da Penha e violência doméstica, que oferece informações e orientações para vítimas. Ferramentas de busca reversa de imagens, como o "TinEye", permitem identificar o uso indevido de fotografias, auxiliando em casos de violação de direitos autorais. A IA também se aplica à análise de contratos, identificando riscos e cláusulas problemáticas. A crescente disponibilidade de soluções de IA para o mercado jurídico reforça a importância da adoção dessas tecnologias para manter a competitividade e atender às expectativas dos clientes.
Apesar dos inúmeros benefícios, a utilização da IA na advocacia apresenta desafios que precisam ser considerados. Um dos principais é a possibilidade de "alucinações", como no caso emblemático do advogado que citou uma jurisprudência inexistente gerada pelo ChatGPT. Azevedo recomenda cautela na utilização da IA para pesquisa jurisprudencial, pesquisa de pessoas e indicações bibliográficas, áreas em que as ferramentas ainda apresentam limitações. É crucial realizar a checagem e validação das informações geradas pela IA, adotando uma postura de "double check" para garantir a precisão e a confiabilidade dos dados. A qualidade das respostas geradas pela IA depende da qualidade das perguntas feitas. Quanto mais contexto e detalhes forem fornecidos, mais assertiva será a resposta. Advogados devem aprender a formular perguntas eficazes e utilizar os recursos disponíveis nas ferramentas para obter os melhores resultados.
Outro desafio é o viés algorítmico, que pode reproduzir e reforçar preconceitos presentes nos dados utilizados para treinar os modelos de IA. Azevedo destaca a importância da conscientização sobre esse problema e a necessidade de buscar soluções para mitigar seus efeitos. A questão dos direitos autorais também merece atenção, especialmente em relação às imagens geradas por IA. É fundamental que os advogados estejam atualizados sobre os termos de uso e as políticas de privacidade das ferramentas que utilizam, garantindo o uso ético e legal das tecnologias. A revisão humana é essencial para garantir a qualidade, a precisão e a ética na aplicação da IA na advocacia.
A IA está transformando a advocacia, e a tendência é que essa parceria se fortaleça ainda mais nos próximos anos. A crescente demanda por eficiência, produtividade e inovação no setor jurídico impulsiona a adoção de tecnologias como a IA. Advogados e escritórios que se adaptarem a essa nova realidade estarão melhor posicionados para atender às expectativas dos clientes e se destacar no mercado. A IA não substituirá os advogados, mas sim os empoderará com ferramentas que os tornarão mais eficientes, estratégicos e criativos. Como ressalta Azevedo, o futuro da advocacia pertence aos profissionais que adotarem uma postura de aprendizado contínuo, buscando constantemente novas formas de aplicar a tecnologia em sua prática. O advogado do futuro será aquele que souber combinar sua expertise jurídica com o poder da IA, criando uma parceria inovadora que beneficiará tanto os profissionais quanto seus clientes.
A IA oferece oportunidades sem precedentes para a advocacia, desde a automatização de tarefas até a análise preditiva de jurisprudência. A chave para o sucesso nessa nova era é a compreensão dos benefícios, dos desafios e das melhores práticas para integrar a IA na rotina jurídica, garantindo o uso ético, responsável e eficaz dessa poderosa tecnologia.
