A Inteligência Artificial (IA) tem se popularizado rapidamente, gerando fascínio e, ao mesmo tempo, preocupação. Imagens falsas do Papa Francisco com roupas estilosas, criadas por IA, viralizaram recentemente, evidenciando o poder dessa tecnologia e seus potenciais perigos. Embora esses exemplos possam parecer divertidos, a IA representa muito mais do que meras curiosidades. Ela já impacta profundamente a sociedade, trazendo consigo ameaças reais e futuras que precisam ser discutidas com a seriedade que merecem.
Grandes nomes da ciência, como Stephen Hawking e Sam Harris, já alertavam sobre os perigos da IA. Hawking, em 2014, afirmou que o desenvolvimento pleno da IA poderia significar o fim da raça humana. Essa afirmação, feita quase uma década atrás, se mostra cada vez mais próxima da realidade, considerando o desenvolvimento exponencial da IA nos últimos anos. A velocidade com que a tecnologia avança é, no mínimo, preocupante.

A IA já está revolucionando o mercado de trabalho. Profissões estão sendo transformadas e, em alguns casos, extintas. O exemplo dos motoristas é emblemático: a IA dirige melhor e com mais segurança, tornando a presença de motoristas humanos, em breve, obsoleta. Esse é apenas um exemplo entre muitos. Em 2018, em uma palestra sobre o impacto da IA na medicina, previ mudanças significativas nas carreiras da saúde, muitas das quais já se concretizam em 2023.
Yuval Noah Harari, autor de "Sapiens" e "Homo Deus", prevê que a maior luta da humanidade no século XXI será contra a irrelevância. Em um mundo onde máquinas realizam a maioria das tarefas com mais eficiência, qual será o papel dos seres humanos? Harari alerta para a possibilidade de uma massa de pessoas se tornando inútil no mercado de trabalho, gerando a maior crise de desemprego da história. Esse cenário, embora sombrio, precisa ser considerado para que possamos nos preparar para os desafios que a IA nos impõe.
Apesar das ameaças, a IA também traz oportunidades. Assim como a internet revolucionou a comunicação e o consumo, a IA tem o potencial de transformar diversas áreas para melhor. A chave para se manter relevante nesse novo cenário é investir naquilo que nos torna humanos: a inteligência emocional. Em um mundo cada vez mais dominado pela frieza das máquinas, o calor humano e a capacidade de lidar com emoções se tornarão ativos valiosíssimos.
Atualmente, a IA é restrita, ou seja, resolve problemas específicos. O ChatGPT, por exemplo, é um modelo de linguagem treinado para se comunicar de forma natural. No entanto, o verdadeiro perigo reside na possibilidade de desenvolvermos uma Inteligência Artificial Geral (AGI), capaz de aprender e aplicar conhecimento em diversas áreas, assim como os seres humanos. Engenheiros da Microsoft já identificaram sinais de AGI no GPT-4, a versão mais recente do modelo que alimenta o ChatGPT. Essa descoberta reforça a urgência de discutirmos as implicações éticas e os riscos da IA.
Uma AGI, com capacidade de aprendizado e aprimoramento contínuo, poderia rapidamente superar a inteligência humana, tornando-se uma superinteligência. Nesse cenário, a humanidade correria o risco de se tornar irrelevante, como formigas diante da construção de um prédio. A IA não precisaria nos odiar para nos destruir; bastaria que estivéssemos no caminho de seus objetivos. A aplicação da IA em áreas como gestão de cidades e, principalmente, geopolítica e guerra, apresenta riscos ainda maiores. Uma corrida armamentista por IA poderia levar a conflitos globais de consequências devastadoras, inclusive a uma guerra nuclear.
A necessidade de discutir as implicações da IA é urgente. Precisamos refletir sobre as questões éticas, os impactos no mercado de trabalho e o futuro da humanidade em um mundo dominado por máquinas. O medo, nesse contexto, não é um inimigo, mas um aliado que nos alerta para os perigos e nos impulsiona a buscar soluções. O futuro da humanidade depende das decisões que tomarmos agora. A IA pode ser uma ferramenta poderosa para o progresso ou uma ameaça à nossa própria existência. A escolha está em nossas mãos.