A Inteligência Artificial generativa emergiu como uma força transformadora em diversos setores, e a advocacia não é exceção. Este evento, promovido pela OAB São Paulo em parceria com o Jota e a Microsoft, trouxe à tona discussões cruciais sobre o impacto da IA na prática jurídica, desde a democratização do acesso à tecnologia até a reformulação da ética e da responsabilidade profissional. A IA generativa, com sua capacidade de processar linguagem natural, analisar grandes volumes de dados e gerar textos coerentes, apresenta um potencial disruptivo para a advocacia, prometendo otimizar tarefas, ampliar o acesso à justiça e remodelar a forma como advogados trabalham.
A Advocacia-Geral da União (AGU), reconhecida como o maior escritório de advocacia do país, compartilhou sua longa experiência com a IA. Desde 2013, a AGU investe em tecnologia e infraestrutura para lidar com seu imenso acervo de processos – 37 milhões, com 90 mil novas comunicações processuais diárias. O sistema Sapiens, desenvolvido pela própria AGU, indexa 1,5 bilhão de documentos, permitindo pesquisas semânticas e a integração com 84 tribunais. Essa preparação permitiu à AGU enfrentar a pandemia com maior resiliência, demonstrando a importância estratégica da tecnologia. A IA generativa, integrada ao Sapiens, potencializa a triagem de processos, a produção textual e a aplicação da jurimetria, auxiliando na construção de estratégias e na identificação de tendências. A AGU ressalta a importância da ética, da transparência e da supervisão humana na aplicação da IA, reconhecendo que a tecnologia, embora poderosa, não substitui o discernimento e a experiência do advogado.
O escritório Machado Meyer apresentou sua solução, o Machado Meyer Insights, desenvolvida em parceria com a Microsoft. Com mais de 700 usuários diários, a ferramenta demonstra uma rápida adoção, impulsionada pelo valor percebido pelos advogados. A plataforma, integrada às bases de dados do escritório, garante segurança e privacidade, além de extrair insights valiosos do conhecimento acumulado em 52 anos de atuação. Os casos de uso mapeados ultrapassam 100, abrangendo desde a análise de propostas de honorários até a revisão de timesheets. A IA generativa, no Machado Meyer Insights, otimiza serviços linguísticos e documentais, como resumo, tradução e extração de cláusulas. Além disso, auxilia nas estratégias e análise de casos, gerando argumentos, visualizando tendências e sugerindo resoluções alternativas. A ferramenta também aprimora a comunicação, oferecendo suporte a consultas e treinamento, além de automatizar rotinas operacionais. A visão de futuro do escritório é estender essa experiência aos clientes, oferecendo autonomia e acesso à informação de forma personalizada e eficiente.
A presidente da OAB São Paulo, Patrícia Vanzolini, destacou a importância da inclusão digital e do acesso equitativo à tecnologia. A IA generativa, em sua visão, tem o potencial de nivelar o campo de atuação entre pequenos e grandes escritórios, permitindo que todos os advogados se beneficiem de suas vantagens. A OAB se posiciona como protagonista nesse processo, promovendo eventos, parcerias e treinamentos para disseminar o conhecimento e garantir que a tecnologia seja utilizada para o bem da advocacia e da sociedade. A discussão sobre os dois lobos da IA – o potencial para o bem e para o mal – reforça a responsabilidade da OAB em orientar a advocacia rumo a um futuro em que a tecnologia promova a justiça, a equidade e o desenvolvimento humano. A IA generativa não é apenas uma ferramenta, mas um catalisador de mudanças, e a OAB se compromete a liderar a advocacia nessa nova era, garantindo que a tecnologia seja utilizada de forma ética, responsável e inclusiva, em benefício de todos.
