Em um bate-papo descontraído e cheio de histórias, Rogério Vilela, criador do podcast Inteligência Limitada, abriu as portas de seu estúdio e compartilhou sua trajetória criativa com o Ciência Sem Fim. De desenhista mirim rabiscando nas portas dos armários a quadrinista internacional, de produtor de animações polêmicas a comediante de stand-up, Vilela demonstrou a versatilidade de sua carreira e como cada experiência contribuiu para o sucesso de seu podcast.

A paixão pelo desenho acompanhou Vilela desde a infância, incentivada pelos pais que lhe presenteavam com materiais de arte. Essa paixão o levou à escola Panamericana de Arte e, posteriormente, ao mercado de trabalho, onde conquistou diversos prêmios. Um marco em sua carreira foi a oportunidade de trabalhar com quadrinhos para os Estados Unidos, juntando-se a uma geração de artistas brasileiros que "invadiu" o mercado americano. Nesse período, trabalhou com grandes nomes como Marvel e DC, além de jogos de RPG e card games, como Magic: The Gathering e Diablo. A experiência internacional proporcionou não só reconhecimento, mas também a expertise que o levou a fundar a Fábrica de Quadrinhos, um estúdio que se tornou referência em pré-produção publicitária e que deu origem ao Mundo Canibal.
Apesar do sucesso com a Fábrica de Quadrinhos e o Mundo Canibal, Vilela sentiu a necessidade de explorar novos horizontes. Incentivado por um amigo, aventurou-se no stand-up comedy, descobrindo mais uma paixão. A comédia o levou aos palcos e, posteriormente, ao podcast Inteligência Limitada, um projeto que nasceu em meio à pandemia e que se tornou um grande sucesso. Vilela comentou sobre as dificuldades e os desafios do humor em tempos de redes sociais, onde as piadas são frequentemente tiradas de contexto e a cultura do cancelamento se faz presente. Ele ressaltou a importância do stand-up como uma válvula de escape e como forma de terapia, tanto para o comediante quanto para o público.
O Inteligência Limitada, com seu cenário peculiar e a dinâmica do "presente inútil", se destaca no cenário dos podcasts. Vilela explicou como sua experiência em diferentes áreas contribui para o programa: do desenho, a compreensão de iluminação e composição de imagem; da publicidade, a habilidade de lidar com clientes e prazos apertados; do stand-up, a desenvoltura para conversar com o público. O podcast, segundo ele, representa a convergência de todas as suas habilidades e paixões.
Durante o programa, Vilela também demonstrou seu fascínio por ficção científica e sua crença na importância da arte como forma de expressão e mudança. Compartilhou ainda uma experiência intrigante, ocorrida em sua lua de mel na Terra do Fogo, onde avistou uma misteriosa "bola de fogo" que o acompanhou por um longo trecho da estrada. A experiência, que ele atribui a uma possível alucinação, despertou reflexões sobre a possibilidade de vida fora da Terra e a vastidão do desconhecido.
O bate-papo com Rogério Vilela foi uma verdadeira aula de criatividade e adaptação, mostrando como a paixão pela arte, em suas diversas formas, pode levar a caminhos inesperados e gratificantes. Sua história demonstra que a reinvenção é possível e que a busca por novos desafios é fundamental para o crescimento pessoal e profissional.
A conversa também abordou a ascensão da inteligência artificial e seu impacto na arte. Vilela demonstrou entusiasmo com as novas possibilidades oferecidas por ferramentas como Midjourney e ChatGPT, destacando seu potencial para auxiliar na criação e na resolução de bloqueios criativos. Compartilhou a experiência com o ChatGPT, que escreveu uma piada de stand-up e até mesmo uma cena de luta entre Goku e Bozo, com resultados surpreendentes. Apesar das críticas de alguns artistas, Vilela acredita que a inteligência artificial é uma ferramenta a ser explorada e que os artistas precisarão se adaptar a essa nova realidade, encontrando novas formas de expressar sua criatividade e seu talento.
A discussão sobre o futuro da arte em um mundo cada vez mais tecnológico foi um dos pontos altos do bate-papo, mostrando a visão otimista de Vilela em relação à inovação e à capacidade do ser humano de se reinventar diante dos desafios. Sua postura aberta ao novo e seu entusiasmo pela tecnologia demonstram que a arte e a inteligência artificial podem, sim, caminhar juntas, abrindo novas possibilidades para a criatividade e a expressão humana.