A Inteligência Artificial Generativa (IA) está revolucionando diversos setores, e a advocacia não é exceção. Este evento, realizado em parceria com a OAB São Paulo, o Jota e a Microsoft, trouxe à tona discussões cruciais sobre o impacto da IA na prática jurídica, com foco na democratização do acesso à tecnologia e na inclusão de todos os advogados nesse novo cenário. A IA generativa, exemplificada por modelos como o GPT-4, não se limita a entender a linguagem humana, mas também a criar, com naturalidade, textos, imagens e até mesmo contratos, abrindo um leque de oportunidades para a advocacia.

Dr. Celso Mori, em sua palestra inaugural, abordou a relação entre a IA e o direito a partir de uma perspectiva humanista. Enfatizou a importância da ética e da responsabilidade na aplicação da IA, lembrando que as escolhas que fazemos hoje moldarão o futuro da advocacia. Ressaltou que, assim como em outras revoluções tecnológicas, a IA generativa traz consigo tanto benefícios quanto desafios, e cabe a nós, advogados, garantir que seu uso seja guiado pela dignidade humana e pelo aperfeiçoamento da justiça.
Mori destacou a velocidade acelerada das transformações tecnológicas, comparando-a à progressão geométrica do conhecimento humano. Essa aceleração, embora gere angústias, não é novidade na história da humanidade. A IA, como outras inovações, tem consequências imprevistas, e é nosso dever, como operadores do direito, prever e mitigar os possíveis danos, assegurando que a IA contribua para uma justiça mais equitativa e acessível a todos.
A questão da ordem e da desordem também foi abordada, ressaltando que a IA generativa, ao transformar a advocacia, inevitavelmente desconstruirá a ordem jurídica atual para construir uma nova. A capacidade humana de escolha é crucial nesse processo, e precisamos estar conscientes das transformações que desejamos e de como queremos que elas ocorram. A IA generativa, por não possuir emoções ou filtros da mente, precisa ser regulamentada pelo direito, estabelecendo limites éticos e garantindo a privacidade dos indivíduos.
Representantes da Microsoft apresentaram exemplos práticos do uso da IA generativa, como o CoPilot, que atua como um assistente inteligente nos aplicativos do Microsoft 365. O CoPilot, integrado a ferramentas como Word, Excel, PowerPoint e Teams, permite a automação de tarefas, a geração de textos e apresentações, a sumarização de documentos e a análise de dados, liberando o advogado para atividades mais estratégicas e criativas.
A Microsoft reforçou seu compromisso com a IA responsável, destacando os princípios de privacidade, segurança, inclusão e transparência que guiam o desenvolvimento e a aplicação de suas tecnologias. O selo "Protegido", presente nos serviços de IA da Microsoft, garante que as informações dos usuários não sejam armazenadas nem utilizadas para o desenvolvimento de novas IAs, preservando a confidencialidade dos dados. O design inclusivo, aplicado pela Microsoft, busca criar soluções que funcionem para todos, inclusive para pessoas com deficiência, como demonstrado pelo exemplo do Xbox Adaptive Controller.
Dr. Francisco Colares, da Advocacia-Geral da União (AGU), compartilhou a experiência da instituição com a IA, demonstrando como a tecnologia tem sido utilizada para otimizar a gestão de um acervo massivo de processos. A AGU, com seu sistema Sapiens, utiliza a IA para triagem de processos, produção textual e jurimetria, permitindo a análise de dados e a identificação de tendências para a construção de estratégias jurídicas mais eficazes. A IA generativa, integrada ao Sapiens, auxilia os advogados da AGU na elaboração de peças e pareceres, proporcionando maior eficiência e agilidade na atuação da instituição.
Dr. Paulo Silvestre, do escritório Machado Meyer, apresentou o Machado Meyer Insights, uma ferramenta baseada em IA generativa que permite a automação de tarefas, a análise de documentos e a geração de insights jurídicos. O projeto, desenvolvido em parceria com a Microsoft, demonstra o potencial da IA para a otimização do trabalho jurídico, liberando os advogados para atividades mais estratégicas e criativas. O Machado Meyer Insights, integrado às bases de dados do escritório, permite pesquisas personalizadas, geração de argumentos, análise de riscos e sugestões de resolução de disputas, potencializando a atuação dos advogados e a qualidade dos serviços prestados aos clientes.
Ambos os casos demonstram como a IA generativa pode ser aplicada de forma prática e eficiente na advocacia, contribuindo para a democratização do acesso à tecnologia e para a inclusão de todos os advogados nesse novo cenário. A IA generativa, embora ainda exija supervisão humana, tem o potencial de revolucionar a prática jurídica, proporcionando maior eficiência, agilidade e qualidade nos serviços prestados.