Desde a Idade Média, a humanidade tem se baseado no conceito de média para nortear suas decisões, desde o sistema educacional até o mercado financeiro. A Idade Média, marcada por eventos históricos como a queda de Constantinopla, nos deixou o importante legado do conceito de média, que permeou nossa evolução e moldou a maneira como interagimos com o mundo. Seja na avaliação do aproveitamento escolar, na análise de ganhos e perdas no mercado financeiro, ou no cálculo de riscos no setor de seguros, a média histórica tem sido a base para previsões e estratégias.
Contudo, estamos vivenciando uma transformação significativa com a chegada daquilo que podemos chamar de "Idade Mídia". Nessa nova era, impulsionada pela internet, pelas redes sociais e, mais recentemente, pela Inteligência Artificial, cada indivíduo se torna uma mídia em si, influenciando e sendo influenciado por todos ao seu redor. Essa individualização marca uma ruptura com o paradigma da média, criando um cenário onde a personalização e a busca por conteúdo individualizado se tornam predominantes.

As últimas duas décadas testemunharam ondas de inovação tecnológica que aceleraram essa transição. A chegada da internet, seguida pelo boom das redes sociais, e agora a disponibilidade gratuita de ferramentas de Inteligência Artificial, como o ChatGPT, o Bard e o Midjourney, redefiniram a forma como nos comunicamos, consumimos informação e interagimos com o mundo. A IA, que existe há décadas, tornou-se acessível a todos, democratizando o acesso a tecnologias antes restritas a especialistas e grandes empresas. Isso impacta diretamente a dinâmica da Idade Mídia, amplificando o poder de cada indivíduo como produtor e consumidor de conteúdo.
Essa individualização se manifesta de diversas maneiras. Lembram-se dos tempos em que a família se reunia para assistir à mesma programação na televisão? Hoje, cada membro pode consumir o conteúdo que desejar, a qualquer hora e em qualquer lugar. Essa mudança de paradigma traz consigo desafios e oportunidades. Por um lado, a personalização permite que cada indivíduo explore seus interesses e se conecte com pessoas que compartilham suas paixões. Por outro, a fragmentação da audiência e a proliferação de informações podem dificultar a construção de um senso de comunidade e a formação de consensos.
Diante desse cenário, é crucial destacar a importância do elemento humano nessa equação. Não se trata de temer a tecnologia, mas de reconhecer o potencial da sinergia entre homem e máquina. Pela primeira vez na história, as gerações passadas estão mais preparadas do que as futuras, pois o conhecimento acumulado se torna ainda mais valioso na era da IA. A capacidade de imaginar, de se expressar e o repertório de vida são habilidades exclusivamente humanas que se tornam diferenciais na interação com a Inteligência Artificial.
A imaginação nos permite sonhar e conceber novas possibilidades, enquanto a máquina nos ajuda a concretizá-las. A expressão verbal, aprimorada pela leitura e pelo consumo de conteúdo, nos permite formular comandos precisos e obter resultados mais relevantes das ferramentas de IA. E, por fim, nosso repertório de vida, construído através de experiências e aprendizados, nos dá a capacidade de interpretar e contextualizar as informações geradas pela máquina, tornando-as verdadeiramente úteis e significativas. Como Walter Longo sabiamente nos lembra, um homem com uma máquina pode alcançar resultados extraordinários, superando as limitações de cada um isoladamente.