É inegável que a automação, impulsionada pela IA, tem o potencial de revolucionar diversos setores, otimizando processos e reduzindo custos. Empresas de todos os portes têm recorrido a essa tecnologia para aumentar a produtividade e reduzir a dependência da mão de obra humana. Softwares de IA já substituem tarefas antes realizadas por designers, atendentes de call center e até mesmo profissionais da área jurídica.
Essa busca incessante por eficiência, porém, levanta uma questão crucial: em um cenário onde as máquinas produzem e as máquinas consomem, quem serão os clientes? A máxima capitalista "produzir para consumir" perde o sentido quando a grande maioria da população não possui poder de compra devido à perda de seus empregos para a automação.
A indústria de videogames, ironicamente, oferece um exemplo assustador de como essa dinâmica pode se desenrolar. O modelo de negócios "freemium", onde o acesso básico é gratuito e a rentabilidade reside em compras dentro do jogo feitas por uma minoria de usuários (as "baleias"), ilustra a lógica por trás de uma economia voltada para a elite detentora de capital.
Em um mundo onde o trabalho humano se torna cada vez menos relevante, a posse de ativos e capital se torna o principal diferencial entre aqueles que podem consumir e aqueles que são relegados à margem. Essa tendência já se manifesta na crescente disparidade entre ricos e pobres, com o mercado de luxo em franca expansão, enquanto a classe média se vê cada vez mais pressionada.